domingo, 4 de dezembro de 2011

Pensamentos dispersos.


Certo dia, em horário de pico na grande São Paulo, na ilustre Avenida Paulista comecei a enxergar coisas de nosso cotidiano, na qual estamos tão alienados com os afazeres que simplesmente passam despercebidos no quão diversos é cada rua, praça, passarela. Enfim, no redor.

Aproveitei aquela brisinha cortante, nos dias mais frios, para simplesmente andar e não pensar. Mas que ironia do destino, pensei e como pensei em cada Ser que passava ao meu lago. Desde o executivo com pastas e documentos, gravata e sapato importados, óculos pretos que passam um “ar” de honra, temor, poder... O que talvez por dentro, não seja mais que uma risada infantil.
Neste instante também reparei naquelas crianças que fazem dos semáforos seu circo, uns mais iniciantes com duas bolinhas de meia, fazem dos 30 algo que ao menos lhe dêem qualquer trocado. Mas, têm aqueles mais graciosos, que tiram da cartola, novos atrativos, uns mais batizados, mas que chamam a atenção da mesma forma. O fogo, as garrafas e claro, no país do futebol, as embaixadinhas.

Não faltam aqueles mais desagradáveis, os limpadores de parabrisas. A cena começa quando um Corola preto, com insulfim preto, do tipo proibido, vira a esquina, o semáforo do amarelo, logo alcança o vermelho. O carro de vidros fechados pára, se aproxima um menino, de uns 12 anos, baixo, magro e sujo, com uma garrafinha com sabão e rodo, sem pedir muita permissão, lança o líquido no carro, com várias buzinas e com ré o motorista responde, limpando o vidro. O garoto já acostumado com as reações logo passa ao carro seguinte, este mais simples, velho e sem insulfim mascarando-o, a aceitação é positiva, já que o mesmo estava sujo, e uma ducha melhoraria a imagem do automóvel, agradeceu com uns trocadinhos e logo deu partida.

Continuei a caminhada, deparei-me com uma mulher bem arrumada, loira, com roupa social, salto baixo, parecia preocupada com o que enfrentaria daí em diante, mas, segurava em uma de suas mãos, que não estava cheia de pastas, bolsa, a mão de uma menininha, que saltitava pela Avenida, sua felicidade era nítida, pulando, cantarolando. Certamente tinha acabado de sair do colégio, uma vez que estava de uniforme, duas marias-chiquinhas e uma mini-mochila. A mulher fazia de tudo para não passar suas preocupações para a garota, que em cada esquina colhia uma flor, cheirava e sobrava...

Quando elas passaram por mim, o sol já não raiva forte, algumas nuvens negras e pesadas cobriam o céu da terra da garoa. Caminhei mais um pouco, quando avistei um pedaço de cimento, onde poderia me sentar, quando o fiz, vi de longe um casal, um homem bonito, alto, moreno, de sorriso e tronco largo, largo o suficiente que cabia ela, ela, era meiga, morena também, com uma beleza escondida, que necessitava de descobertas para senti-la, sorriso meio atrapalhado, mas, seu olhar dizia o Quão ele fazia bem a ela, momento este, que certamente guardaria para sempre, mesmo sem saber se o romance teria continuidade. Com risos e beijos passaram por mim. Confesso que senti uma pitada de ciúmes, fez-me recordar de amores não resolvidos, que o tempo não deu espaço para serem vividos e amar como deveria. Eles, simplesmente passaram.

Ali sentada, observei no outro lado da rua um menino, que fumava, suas feições eram escondidas pelas formas que a fumaça desenhava. O garoto por sua vez, brincava, a fim de descobrir o que podia desenhar... Imaginei se estava lá por querer esquecer-se do que estava ao seu redor, ou estava por estar...

Aquelas nuvens que fechava o céu da minha cidade, começou a tomar conta de toda região, se fazendo mais dominantes. Levantei, limpei a calça e segui, de volta ao meu destino.

Do caminho da volta, com passos mais acelerados, com anseio da chuva, questionei o porquê de tanta desigualdade do mundo, de como aqueles moradores de rua iam se proteger da chuva que não era pouca. Questionava por que não podemos ter uma varinha de cordão e fazer com que tudo seja diferente, a sociedade, a família, o amor. Este ultimo, creio que seja mais importante de todos e o que os une. Os amores, que não damos, não receberam não demonstramos e aprendemos a não sentir.

No momento do fim da Av. Paulista, olhei para trás e reparei que se cada um não olhar para dentro de si de modo diferente, jamais poderá olhar a sociedade com planos melhores.
Então, sorri, virei e voltei ao mundo alienado e niilista.

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